terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Encontros e desencontros - pólos opostos da mesma moeda



Qual a fórmula do encontro perfeito? Isso existe? A expressão "ele/ ela tem tudo a ver comigo" seria necessariamente um prenúncio de que a relação vai ser duradoura? Cada vez mais vemos casais "parecidos" se relacionando e, muitas vezes, casando e construindo família. Mas, este "parecido" na verdade, seria superficial. Numa sociedade em que se valoriza mais as aparências, pombinhos que têm a mesma profissão, frequentam os mesmos lugares, assistem aos mesmos tipos de filmes e cultivam amigos em comum, são os candidatos ao pódio da longevidade, mas eu tenho uma outra teoria. Acho que essas afinidades podem contribuir e muito para o bom entendimento e fluir da relação, mas o amor é outra coisa... Vamos fazer uma viagem no tempo.

No tempos dos meus avós, o relacionamento era feito de paixão e posse. Nos bom e mau sentido das palavras. A paixão levava ao gostar cegamente na pessoa e a posse era o sentido da busca por estabilidade material e emocional. Paixões e posses podiam levar a atitudes extremas, de ciúmes, de loucuras e emoções descontroladas. Meus avós maternos seriam um bom exemplo. Ela, viúva aos dezenove anos, ele um jovem de trinta, divorciado e pai de dois filhos. Os dois se apaixonaram loucamente quando se viram pela primeira vez. Primeiramente, ela lutou contra o sentimento que lhe arrebatava, mas depois, lutou pelo amor, brigou com a família deixou de trabalhar para se casar com meu avô. Ele bancou toda a situação, deu um lar a ela, estabilidade, filhos, mas os dois eram muito diferentes e brigavam constantemente. Meu avô era um boêmio familiar - gostava de beber, dançar, receber os amigos, mas era fiel, romântico, poeta, amava loucamente a minha doce e geniosa avó. Entre trancos e barrancos, ficaram juntos cinquenta anos, até a morte do meu avô. E ela, até o fim da vida, sonhava com o velho, tinha ciúmes dele, saudades, guardava as boas recordações. Ela sofreu sim, abriu mão de coisas importantes e, certamente teve que engolir o orgulho algumas vezes, mas foi feliz, mesmo aturando as bebedeiras do meu queridíssimo avô.

Hoje, vejo mulheres desesperadas por um relacionamento que dure e seja estável, e vejo homens desiludidos e traumatizados com uma ou duas relações frustradas. A conclusão que chego é que nós mulheres precisamos aceitar os defeitos, as diferenças e engolir alguns (vários) sapo, para construirmos a cumplicidade tão desejada - aquela que minha avó sabiamente soube construir e preservar. E quanto aos homens, penso que devem se ser mais generosos também e se sentir menos infalíveis, para que se perdoem pelas falhas, e perdoem suas parceiras, porque elas erram, mas também acertam e podem fazê-los muito felizes. E, para chegar ao título desta crônica, acredito que aquilo que buscamos no outro (o encontro) pode ser também o motivo do afastamento (desencontro) - ou seja, a diferença e não necessariamente a semelhança é que leva ao crescimento, ao perdão, à compaixão. Mas, para isso, é preciso antes nos amarmos na essência, porque enquanto ficarmos ligados ao ego, às aparências, nenhum ser humano vai servir, e todos vão nos magoar, porque todos temos defeitos e imperfeições. E eu pergunto: se a perfeição só existe na mente, vale à pena passar uma vida inteira sozinho?

Então, moçada, pra que perder tempo? Vamos à luta com peito aberto. Abram seus corações e deixem cair as máscaras. Se um sapo aparecer, transforme-o num príncipe. O espelho é seu!!!