quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Guerra no Amor

Fernanda e Ignácio descobriram um no outro uma fonte de prazer inesgotável. Mas também eram um para o outro um desafio intelectual perturbador e excitante, mas que estava para acabar a qualquer instante. Os dois já não tinham razões para debates acalorados. Já tinham discutido tudo: a guerra do Iraque - ela era a favor, ele contra; a igreja Católica - ela cristã fervorosa, ele ateu; os rumos da política brasileira - ele criticava Lula e ela queria Dilma. Quando se encontravam no trabalho, não tinham mais o que divergir, mas o sexo era bom demais para que deixassem de lado as controvérsias e, eles encontraram um novo debate.
O drama deste casal faz parte do conto, O que é que o cafajeste tem? do livro Diários de Afrodites. Nele, essas pobre almas encontram na discussão intelectual uma forma de escudo para os verdadeiros sentimentos - de atração e afeto que desenvolvem um pelo outro - por medo, ou desistência de se entregar ao amor verdadeiro. Este conto, assim como histórias da vida real e das novelas, filmes, livros, me fez aprofundar no tema: guerra no amor. Por que cada vez mais vemos casais se atracando ou se agredindo verbalmente, perdendo a paciência, reclamando pelas costas, terminando e voltando sem parar? E fui, claro, pesquisar nos livros que falam sobre o tema. Como gosto de escrever, falar e desvendar os segredos - profundos - da alma humana, especialmente nos relacionamentos homem-mulher, achei uma pérola que gostaria de dividir neste espaço.

O livro Amor perfeito, relacionamentos imperfeitos - Curando a mágoa do coração, do psicoterapeuta americano, John Welwood (Editora Gaia), nos mostra de forma simples porque não conseguimos ser felizes com nossas escolhas amorosas. A resposta é bem dura: porque atraímos pessoas que nos remetem à falta de amor da infância, que nos marca profundamente. Não adianta reclamar com Freud, nisso o pai da psicanálise acertou em cheio. No livro, o autor explica com funciona esse mecanismo autodestrutivo. É mais ou menos assim: você teve um pai ou mãe que não te amou o suficiente, ou porque não tinha tempo, ou porque era uma pessoa carente e difícil mesmo. Enfim, ficou faltando atenção, aí o adulto passa a achar que não é bom o suficiente para merecer o amor ou que ninguém vai amá-lo do jeito que é. Já viu no que isso vai dar, né? Gato correndo atrás do próprio rabo!!! Aquele trauma inconsciente fica ali, fazendo com que a pessoa escolha a dedo o pior candidato possível, ou se feche para uma possibilidade afetiva saudável.

Sei que muita gente acha chato esse papo analítico, mas o que vejo nos tempos atuais é grave, muita gente perdida culpando o outro por tudo, transformando a própria vida e a do outro um verdadeiro inferno. Na verdade, está tudo dentro dela mesma e, para melhorar as relações afetivas - e não ficar achando que estamos vivendo o apocalipse do casamento heterossexual  - eu recomendo terapia, autoanálise, leitura, ou seja, muita reflexão. Se preciso, fique sozinho por um tempo.

O mais legal no livro de Welwood, que o diferencia de tantos outros sobre a mente humana, é que este oferece práticas muito simples e possíveis para amenizar a mágoa do coração - a tal que nos faz procurar os sujeitos errados. Eu fiz e recomendo!!!

Boa leitura. Beijos!!!