quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Quanto tempo dura uma fossa?


A bela música da diva inglesa chama-se Don't you remember?, na tradução livre Você não se lembra? e , na sequência, "a razão pela qual você me amou?". Toda a letra, como já prenuncia o título, faz um apelo angustiado por respostas para um término de relacionamento. E ainda emite uma esperançazinha melancólica de que o fim ainda não chegou, ou que o casal ainda vai se amar novamente. E aí, caro leitor, eu te pergunto, quanto tempo dura uma fossa, um luto, uma dor de cotovelo? Todo mundo já esteve nesse lugar, eu posso garantir, mas esse tempo não é o mesmo para todos, eu também sei.

A cantora inglesa está nos topos das paradas mundiais com um álbum inteiro de canções que percorrem e remexem e discutem e relembram e futricam todas as nuances desse rompimento, que parece ter sido importante e doloroso. Acho, particularmente, Adele muito corajosa e sincera, porque é difícil admitir, mas tem umas fossas que custam viu... E talvez, quando criamos algo valioso e criativo no lugar de lágrimas, lamentações e rancores, isso nos ajude a exorcizar de vez os fantasmas do(a) ex, a ponto de mudar a vida completamente. (bem, se o disco foi em vingança, o cara deve estar se roendo porque é um sucesso.) Na verdade, nossa porção paparazzi não consegue descobrir até o fim do álbum, que é muito bom por sinal, se o trauma da separação foi superado, mas fica claro que ela é quem foi deixada e isso é uma das coisas mais difíceis num término. Quando somos nós os responsáveis pelo rompimento, levamos tudo com mais leveza, podemos ficar pesarosos e até doloridos por um tempo, mas quando somos os rejeitados, o buraco é bem mais embaixo.

O tempo de recuperação varia de caso a caso. Mas, se houve entrega de verdade, vai pintar sofrimento até que o desapego esteja resolvido e a vida trate de colocar novas flores no caminho. E como aliviar a dor? Existem vários medicamentos: fazer milhares de amigos no facebook, conquistar várias pessoas por mês, transar duas vezes por semana, malhar uma vez por dia, comprar muitas roupas ou trocar o corte de cabelo (no caso das mulheres) e por aí vai... E também tem os que seguem uma outra linha: terapia duas vezes por semana, ioga todos os dias, cinemas acompanhados dos melhores e mais confiáveis amigos, dançar muito, falar ao telefone insistentemente sobre o ex-carcará, etc e tal. Mas, no fundo, o tempo de pausa é necessário, porque fingir que não está sofrendo não vai fazer com que o machucado desapareça.

Enfim, como tudo na vida passa, o jeito mais equilibrado de se curar de uma desilusão amorosa é refletir, tentar encontrar as respostas dentro de si, tipo, porque atraiu aquela pessoa, o que em si precisa ser mudado pra que uma relação mais saudável apareça no horizonte, qual a verdadeira causa interna do desencontro, é tudo culpa do outro ou eu também tenho responsabilidade? No livro do psicanalista Augusto Cury, Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis, ele explica que nossa mente guarda as memórias em compartimentos ou janelas, e elas podem ser light, killer ou power killer. O ideal é que após o término, com o tempo, todas as lembranças possam estar na porção light para que o próximo amor seja igualmente leve. Remoer é bom, mas só se no fim, o resultado for uma massa fina e doce, que vai nos ajudar a escolher e saborear melhor o próximo prato. Afinal, sofrimento tem limite.

domingo, 18 de setembro de 2011

Doar o coração


Vivemos em tempos de mentes aceleradas por descobertas tecnológicas, corpos moldados a ferro e sacrifícios, e pouco contato com o centro da nossa alma, o coração. O resultado disso é uma confusão gigantesca porque a nossa essência não pode ser ignorada, e quando isso acontece, a mente inventa subterfúgios, milhares deles, e o corpo trama fugas diversas: paixões arrebatadoras, aventuras pelas drogas, diversões inebriantes, livos para pensar e confundir ainda mais... A lista é enorme e a equação exata. Mente manipuladora X coração ignorado = vazio na alma. Esse vazio se manifesta em síndromes dos tempos atuais: depressão, pânico, isolamento, paranoia, TOC, alcoolismo e outras doenças cada vez mais comuns.

Na busca por ouvir o coração, procuramos desesperadamente um alvo e quando esse alvo é encontrado - normalmente um homem ou mulher - esse pobre ser, que também é um universo cheio de buscas pessoais, pode não ser suficiente para satisfazer as necessidades do coração. Vejo casais se distanciando, cobrando um do outro o frescor do início da relação. E também solteiros ainda iludidos procurando a paixão perfeita dos filmes e contos de fadas. 

E foram felizes para sempre... Como isso é uma mentira terrível, contada principalmente na infância, adultos precisam se distanciar dela e cair na real, literalmente. Onde vamos encontrar perfeição quando todas as pessoas estão iludidas? Por que vamos doar todo o nosso potencial de bondade, compaixão, amizade, compreensão e carinho para uma pessoa apenas? Opa, antes que pensem que estou defendendo a poligamia, deixe eu me explicar. A única forma de satisfazer o coração é doar amor incondicional para a Humanidade, seja num trabalho voluntário, seja na defesa de uma causa, seja na doação de seus talentos para aprendizes, seja no seu prédio, na escola, no trabalho, na comunidade. Trabalhar para tirar um sorriso, um muito obrigada, a paz mesmo que temporária. Pessoas que se doam são mais plenas porque conseguem atender a ânsia do coração, que é transbordar amor. Acredito que os ditadores se transformaram em pessoas sangrentas e vingativas porque escolheram não seguir o coração. E assim nós também, quando ouvimos o ego, e damos mais valor às aparências que não trazem nada de verdadeiramente bom em retorno.

Já ouvi muitas pessoas relatarem o quanto ganharam em troca pelo trabalho voluntário feito de coração. E elas recebem muito mais que dinheiro, recebem o que precisam e tudo de coração, porque os corações humanos se comunicam sem palavras. A arte também tem esse poder, de falar a língua do coração. Por isso, choramos em filmes e ficamos emocionados apreciando um belo poema ou uma tela. Então, fica a dica: abram os corações, deixem derramar o amor e esse amor retorna exatamente para quem teve a coragem e a sabedoria de doá-lo sem restrições. O resultado é poderosamente, imensamente, realmente bom.                

domingo, 27 de março de 2011

O encontro de Ares e Afrodite

Alessandra ensaiava a coreografia mais difícil de sua vida. A dança era um desafio constante, físico e psicológico. A música clássica, aos poucos, convidava às piruetas do ballet, que eram chamadas ao desafio do contemporâneo, com saltos e giros frenéticos, que davam lugar mais uma vez ao lírico e delicado, numa sequência de giros, braços e pernas em frenesi. O que, naquela noite de sábado, eram interrompidos por gritos bastante incômodos. "Eu mato esse desgraçado", pensava ela aos berros. Controlava-se e,  mais uma vez, invocava os deuses da arte para voltar à rotina. Os acordes do piano agora competiam abertamente com os sons vindos da sala ao lado, que normalmente ficava vazia naquele momento da semana. E para desespero de uma Afrodite compenetrada, os gritos de dor e luta corporal ficavam intensos demais. Alessandra, num impulso, correu para acabar com aquela agonia. Furiosa, percorreu os labirintos de sacos e toalhas, com cheiro de suor e quando viu a cena daquela batalha perturbadora, segurou seu instinto da guerra e ficou apenas observando, quieta. Olhos fixaram hipnotizados, como Narciso na beira do lago. O desenho da musculatura de braços eram as armas daquele homem bruto, belo, alucinante. A respiração teve que ser controlada, para que se transformasse na testemunha da enorme força, nenhum requinte ou disfarce, dele para vencer. Alex lutava bailando, como se tivesse nascido para aquela guerra com ele mesmo e era absolutamente, irresistivelmente sedutor. Alessandra esqueceu da própria luta, queria raptar aquele ser, captar a sua essência, consumir suas nuances e percorrer aqueles caminhos traçados com tensão e fluidez. Os socos se repetiam, mas não eram iguais, cada som gutural mexia com suas entranhas, o cheiro da raiva e do amor pelo desafio enchia a sala de paixão e Alessandra segurou o ímpeto de se colocar no lugar daquele instrumento frio de combate. Mas num instante, o desejo se fez maior. Um passo em falso e Alex caía gemendo de dor. Alessandra saiu de seu esconderijo e pôs pra fora sua força, oferecendo ajuda ao lutador. Ele, fascinado pela doçura do gesto e o corpo escultural da bailarina, esqueceu a dor, levantou-se e, olhando em seus olhos, sem nenhum aviso, a convidou para dançar um tango. A guerra dava o tom da dança de sedução que terminava na cama. Os dois se tornaram amantes regulares, de cumplicidade silenciosa. E uma nova guerra os chamava para dançar novamente e sucessivamente.


MITOLOGIA
Ares, também chamado de Marte, era o deus da guerra, dos combates irracionais, puramente instintivos. Homens e mulheres com esse arquétipo ariano estão sempre prontos para o desafio, os confrontos, as iniciativas. O deus Ares teve um longo caso de amor com Afrodite, a deusa do Amor e da Beleza. Os dois amantes foram descobertos pelo marido de Afrodite, Hefesto, o deus ferreiro, que criou uma armadilha para pegar os dois na cama. Mas, os deuses acharam aquilo muito ridículo e acabaram absolvendo os amantes. Ares e Afrodite tiveram vários filhos, como os meninos Pânico (Phobos) e Medo (Deimos), e também a menina Harmonia. Os gregos sugerem que do Amor e Guerra pode nascer a Paz, até porque com amor dá pra vencer qualquer batalha, não é mesmo?

quarta-feira, 9 de março de 2011

A dor e a delícia de ser... Homem.

Oito de março, Dia Internacional da Mulher. Esse ano, terça-feira de carnaval, passou batido, mas fico me perguntando se ainda temos o que bater nas questões feministas, já que a revolução já tomou o seu rumo e não há mais dúvidas sobre o valor da mulher na sociedade. Alguém ainda questiona a competência delas no poder?  Dilma Rousseff, Hilary Clinton, Martha Rocha - a chefona da polícia civil - e tantas outras cabeças femininas na liderança não nos deixam a menor sombra de desconfiança sobre a capacidade de luta e inteligência da mulher.

Mas, o x da questão agora, me parece, é o papel do homem hoje e que tipo de companheiro essa mulher poderosa deseja... A primeira questão é muito ampla e já se discute muito por aí. Eu, particularmente, acho que não mudou muito, o que alterou foi o peso das responsabilidades - agora dividido entre homens e mulheres nas relações. Homem continua tendo que pagar contas, dar exemplo e limite aos filhos, ser responsável por seus atos e cuidar de sua mulher, no sentido mais emocional e também físico, quando a integridade dela é ameaçada. Também acho que eles têm mesmo que pagar a conta do restaurante e do motel, quando tem condições para isso. Não que seja nada demais elas dividirem, mas o ato de cavalheirismo é genuíno e a generosidade sempre será retribuída, aquecendo a chama da sedução. Acho que isso não vai mudar nunca.

A questão mais importante para as mulheres nos dias de hoje penso que seja no que diz respeito às atitudes masculinas que ainda queremos preservar, mesmo em tempos de igualdades de gêneros. Vejo muitas mulheres assumindo as rédeas da conquista, deixando clara a vontade de seduzir sem limites e adotando uma postura altamente masculina nas questões sexuais. E fico um pouco assustada, porque me parece que isso coloca o feminino em um nível inferior, como se a inversão do papel deixasse a mulher ainda mais poderosa, ao custo da sua verdadeira força natural, que é o ser feminino. Por exemplo: mulheres que usam um linguajar muito masculino, bradando palavrões em rodas de chope e analisando futebol, podem até garantir o homem da noite, mas acho difícil conquistarem o ser humano, porque a natureza deste homem vai sempre buscar o desconhecido, o diferente que fascina. A não ser que este ser esteja tão afastado das referências femininas, ou que acabe aceitando essa postura masculina da mulher como forma de afastamento desta energia, por algum motivo mais profundo, uma raiva contida, uma questão com a mãe. Mas vamos deixar Freud fora desta, o babado é complexo mesmo...

Acredito que, neste momento, os homens estão bastante confusos sobre esta nova mulher. E assustados também, afinal, foram séculos de patriarcado e ele ainda permanece, mesmo com uma tendência a se alterar gradualmente. Mas o que acho válido refletir é: será que não seria melhor e mais produtivo acolher as diferenças ao invés de se igualar, tentar integrar as energias yin e yang? Por exemplo: ao invés de ser muito direta na sedução, as mulheres poderiam usar a inteligência e a sensibilidade para facilitar a aproximação, com olhares, sorrisos e uma boa dose de charme e mistério para que eles tenham a curiosidades de procurá-las num segundo encontro. E os homens poderiam ser mais sinceros ao seduzir, aproveitando a situação mas evitando a desilusão amorosa, aquela sensação de que não querem compromisso, só porque curtiram uma noite e não querem dar continuação, o que não tem nada demais. Homens e mulheres não precisam ser escravos dos instintos, mas penso que poderiam usá-los de maneira mais responsável e sensível, cuidando para não ferir ou diminuir o outro. Afinal, se direitos e deveres são os mesmos, porque não aproveitar isso com verdade e intensidade?

Homens e mulheres nunca serão exatamente iguais, mas no dia em que formos seres totais - masculino e feminino integrado e curado dentro de cada um de nós - as relações certamente ficarão mais proveitosas e essa guerrinha dos sexo chata e cansativa vai finalmente acabar. A tensão dos hormônios, jamais!!! Se não perde a graça...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Síndrome de Peter Pan

Peter Pan é um personagem bonitinho, querido por todos, não há quem o deteste ou o ache ultrapassado. Ele nos remonta à ideia de que a infância é a fase mais lúdica e rica da vida. Mas, será que é isso mesmo? Vejo hoje em dia crianças sofrendo bullyng, tendo que enfrentar críticas em tempos de you tube e se virando nos 30 para que seus pais - seres confusos - entendam que elas podem ter sim seu espaço e talento reconhecidos, mas que ainda precisam de orientação e proteção, porque ainda não são adultos.

Ouvindo e mesmo vivendo histórias de adultos nos tempos modernos vejo também os que resistem a crescer, agindo de forma infantil e despreparada. Tempos difíceis os que vivemos, mas vamos tentar entender... Eu me lembro com muito carinho da infância, não havia cobranças da sociedade e, como venho de uma família razoavelmente grande (tenho duas irmãs), me lembro da casa cheia de amigos, dos paqueras, os telefones tocando, muito entra e sai e, uma sensação de aconchego que dá saudades. Mas também me lembro das broncas do meu pai, das discussões com minha mãe e das diferenças com minhas irmãs e isso não é nada legal. Então, hoje com quase 35 anos vejo muitas pessoas da mesma faixa etária custando a acreditar que cresceram.

São ações impensadas, frases ditas sem nenhuma reflexão ou preocupação com o outro, atitudes de adolescente sem causa e uma dificuldade enorme de enfrentar os revezes da vida. Não estou me colocando fora da berlinda, sempre faço a reflexão do quanto estou sendo madura e o quanto de mim ainda está a fim de ficar na adolescência. Mas o fato é que não dá pra negar e passar batido nessas questões.

Então, cheguei a algumas conclusões que funcionam pelo menos para mim. Decidi viver mesmo a vida adulta das responsabilidades, contas a pagar, escolhas a fazer e caminhos a seguir. Mas sem deixar a minha criança de lado. Eu a ressuscito ao fazer algum trabalho artístico como costurar, pintar, desenhar ou construir castelos de argila, danço Lady Gaga,e imito Byeoncè fazendo a faxina de casa. E brinco o carnaval sempre com alguma fantasia ou adereço colorido. E durante a paquera, o flerte, não tem nada demais fazer charminho de Penélope... Mas, quando chega segunda-feira, lembro de me concentrar no presente, como dona do meu destino, e executar as tarefas direitinho para que a minha alma se reconheça como uma pessoa divertida, leve mas sábia também, porque os limites e decisões fazem parte da vida adulta.

Beijos!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quem é o dono do meu coração?

O título da nova música "chicletinho" do momento, da menina-sensação, Miley Cyrus, me inspirou essa crônica. Você sabe quem é o dono do seu coração? O que ativa o centro da sua alma mais facilmente: uma pessoa, uma atividade, um pensamento, o seu talento... A lista de opções é enorme, mas na verdade, a gente  olha tanto pra fora que o primeiro impulso é dizer: o meu filho (ou filha), meu amor, minha família, minha fé, minha casa, minhas viagens, minhas conquistas profissionais. Mas o que, de verdade, ativa positivamente o seu íntimo mais profundo? Consigo enxergar isso nas pessoas pelo brilho nos olhos quando falam de algo que estão fazendo ou planejando com aquele carinho especial...

Outro dia, numa festa de aniversário infantil, me pus a investigar esse sentimento. Conversando com uma amiga, ela me revelou que estava super bem de vida, mudou-se de cidade e está ganhando dinheiro "pela primeira vez na vida". Fiquei muito feliz por ela, de verdade... Poxa, não está fácil ganhar a vida no Rio de Janeiro, ainda mais como jornalista. Mas, a conversa seguiu adiante e ela me confidenciou que também está namorando. Os olhos começaram a brilhar diferente... Então, fui dando corda, colocando lenha e perguntei se ela ainda tinha esperanças de ter filhos. Nossa, aí o seu rosto se encheu de luz! Essa ideia de ser mãe é o que realmente preenche o seu coração...

Outra amiga, que acaba de comemorar o aniversário de um ano da filha tem um dom: editar vídeos com uma sensibilidade e habilidade tamanha, mas essa atividade não é muito explorada por ela. Mesmo assim, fez questão de presentear os amigos com um maravilhoso filme sobre essa conquista tão especial. E isso, certamente inspirou muitas pessoas, com ou sem filhos. Eu fui uma delas...

Na mesma linha de pensamento, sou confidente de outra amiga, veterinária bem-sucedida, que é uma artista nata, mas que foi sempre desmotivada pelos pais e a sociedade. Agora, que é dona de seu destino, está radiante por ter voltado a pintar, e inclusive está investindo tempo e dinheiro na pintura. Ela é mãe, bem casada, mas o talento falou mais alto e, não há quem tire o sorriso de seus lábios quando fala de sua criação.

Então, eu, Miley Cyrus, Renata, Melissa, Rosane e tantas outras mulheres nos perguntamos: a quem pertence nosso coração? Ao amor ou à arte? Acho que aos dois....Um não pode viver sem o outro.

Para quem não conhece, segue o clipe da garotinha cantora que me conquistou com essa letra graciosa. Como artista, ela ainda tem muito o que aprender com titia Madonna, mas essa música ganhou meu coração por alguns momentos...

Beijos



A Quem Pertence Meu Coração

R-O-C-K máfia


A criação me mostra o que fazer
Estou dançando na pista com você
E quando você toca minha mão
Eu vou a loucura, yeah
A música me diz o que sentir
Eu gosto de você agora
Mas é real no momento em que dizemos adeus?
Eu vou saber se isso é certo
E eu sinto você (você) vindo pelas minhas veias
Eu estou afim de você ou é culpa da música?


A quem pertence meu coração
É amor ou é arte?
Porque do jeito que você balança o seu corpo
Me deixa confusa
E eu não posso dizer se é a batida ou as faíscas
Quem possui meu coração?
É amor ou é arte?
Você sabe que eu quero acreditar que nós somos uma obra-prima
Mas as vezes é difícil de dizer na escuridão
A quem pertence o meu coração


A sala está cheia
Mas tudo que eu vejo é o jeito
Que seus olhos chamam por mim
Como fogo no escuro
Nós somos como a arte de viver
Isso me acerta
Como uma onda
Você está me sentindo
Ou é culpa da música?


A quem pertence meu coração
É amor ou é arte?
Porque do jeito que você balança o seu corpo
Me deixa confusa
E eu não posso dizer se é a batida ou as faíscas
Quem possui meu coração?
É amor ou é arte?
Você sabe que eu quero acreditar que nós somos uma obra-prima
Mas as vezes é difícil de dizer na escuridão
A quem pertence o meu coração


Então venha,baby
Continue me provocando
Continue a me enlaçar
Como Romeu
Baby, me coloque mais perto
Venha
Aqui vamos nós (x3)


E isso me acerta
Como uma onda
Você está me sentindo
Ou é culpa da música?


A quem pertence meu coração
É amor ou é arte?
Porque do jeito que você balança o seu corpo
Me deixa confusa
E eu não posso dizer se é a batida ou as faíscas
Quem possui meu coração?
É amor ou é arte?
Você sabe que eu quero acreditar que nós somos uma obra-prima
Mas as vezes é difícil de dizer na escuridão
A quem pertence o meu coração



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lá vem o sol... Ensaio sobre a luz

Com a estação mais quente do ano, a tendência nossa carioca de cada dia, é reclamar do calor... Realmente, às vezes pedimos clemência aos céus nessa época do ano, com termômetros em 40 graus. Mas eu, nascida em pleno verão de março, sou ensolarada desde a fase fetal e, posteriormente, cresci em um quarto de mesmo tom esfuziante. Aliás, o amarelo é uma cor vibrante que sempre me põe pra cima em qualquer ocasião. Então, não poderia deixar de reverenciar o astro rei nesses dias de sol à pino nos trópicos.

Já repararam como o dia fica mais belo com o sol? Nossa, eu não sou uma pessoa nublada nublada mesmo. Meu humor e ânimo não combinam com o cinza. A chuva, santa e devassa, que me perdoe. Sei que você é necessária e bem-vinda, na medida certa, mas o sol... Ah, o sol... Tem alguma coisa melhor do que pegar uma praia com aquele dia iluminado, que deixa o céu com um azul tão aberto e feliz? As montanhas, as árvores, o verde, as flores, todos celebram o astro campeão de luminosidade, jogando um colorido diferente em tudo, desde o mais comum concreto ao mais vasto jardim. Afinal, o sol é o senhor do universo, dá conta de si mesmo sozinho, brilha tanto e por si só, e ainda divide o seu calor e expressividade com outros astros menos afortunados. Sabe a estrelinha que você vê e fica lá suspirando? É reflexo do sol. Sabe a lua, belíssima e misteriosa que quando fica cheia faz a gente perder a cabeça? Reflexo do sol. E o eclipse do sol com a Terra, fenômeno fascinante que nos deixa de boca aberta? O sol tá na área, de novo....

Se formos analisar ainda mais profundamente, pegando o mito grego (descrito aqui ao lado), e levando para os arquétipos humanos, que falam diretamente com o nosso emocional, o sol representa a luz da consciência, a espiritualidade, porque seu brilho é único, tanto interno como externamente. O sol não esconde nada, apenas se compromete a doar luminosidade, verdade e pureza a quem quiser e não quiser olhar para ele. A luz que revela tudo vem do sol e os nossos talentos têm a ver com esse belo astro também, imponente e ao mesmo tempo humilde, tranquilo, transparente... Quando se distancia, não é por falta de vontade ou crise de identidade, mas porque sua generosidade deixa as nuvens o esconderem. Coisas da natureza, pra gente valorizar o que é bom. Nada como um amarelo depois de um cinza. Os curitibanos e paulistamos que o digam!

O arcano XIX do tarot também fala dessa luz, da inocência que, na verdade, é a nossa essência, a nossa verdade Divina. O astro rei nos remete também aos dons escondidinhos lá dentro, que a gente teima em não deixar sair pro mundo - ou por medo, ou por pura preguiça mesmo. O sol não teme nada. Ele sabe que pode brilhar e dá a vez pra outros brilharem também. Então, meus caros, brilhemos em nosso interior para que essa luz seja irradiada longe e chegue a todos, sem medo de ser feliz. Como dizem os poeta do país mais cinza da Europa, em tradução do nosso querido e luminoso poeta carioca: "Lá vem o sol... Lá vem o sol... E eu já sei, tá legal !!!"
 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Guerra no Amor

Fernanda e Ignácio descobriram um no outro uma fonte de prazer inesgotável. Mas também eram um para o outro um desafio intelectual perturbador e excitante, mas que estava para acabar a qualquer instante. Os dois já não tinham razões para debates acalorados. Já tinham discutido tudo: a guerra do Iraque - ela era a favor, ele contra; a igreja Católica - ela cristã fervorosa, ele ateu; os rumos da política brasileira - ele criticava Lula e ela queria Dilma. Quando se encontravam no trabalho, não tinham mais o que divergir, mas o sexo era bom demais para que deixassem de lado as controvérsias e, eles encontraram um novo debate.
O drama deste casal faz parte do conto, O que é que o cafajeste tem? do livro Diários de Afrodites. Nele, essas pobre almas encontram na discussão intelectual uma forma de escudo para os verdadeiros sentimentos - de atração e afeto que desenvolvem um pelo outro - por medo, ou desistência de se entregar ao amor verdadeiro. Este conto, assim como histórias da vida real e das novelas, filmes, livros, me fez aprofundar no tema: guerra no amor. Por que cada vez mais vemos casais se atracando ou se agredindo verbalmente, perdendo a paciência, reclamando pelas costas, terminando e voltando sem parar? E fui, claro, pesquisar nos livros que falam sobre o tema. Como gosto de escrever, falar e desvendar os segredos - profundos - da alma humana, especialmente nos relacionamentos homem-mulher, achei uma pérola que gostaria de dividir neste espaço.

O livro Amor perfeito, relacionamentos imperfeitos - Curando a mágoa do coração, do psicoterapeuta americano, John Welwood (Editora Gaia), nos mostra de forma simples porque não conseguimos ser felizes com nossas escolhas amorosas. A resposta é bem dura: porque atraímos pessoas que nos remetem à falta de amor da infância, que nos marca profundamente. Não adianta reclamar com Freud, nisso o pai da psicanálise acertou em cheio. No livro, o autor explica com funciona esse mecanismo autodestrutivo. É mais ou menos assim: você teve um pai ou mãe que não te amou o suficiente, ou porque não tinha tempo, ou porque era uma pessoa carente e difícil mesmo. Enfim, ficou faltando atenção, aí o adulto passa a achar que não é bom o suficiente para merecer o amor ou que ninguém vai amá-lo do jeito que é. Já viu no que isso vai dar, né? Gato correndo atrás do próprio rabo!!! Aquele trauma inconsciente fica ali, fazendo com que a pessoa escolha a dedo o pior candidato possível, ou se feche para uma possibilidade afetiva saudável.

Sei que muita gente acha chato esse papo analítico, mas o que vejo nos tempos atuais é grave, muita gente perdida culpando o outro por tudo, transformando a própria vida e a do outro um verdadeiro inferno. Na verdade, está tudo dentro dela mesma e, para melhorar as relações afetivas - e não ficar achando que estamos vivendo o apocalipse do casamento heterossexual  - eu recomendo terapia, autoanálise, leitura, ou seja, muita reflexão. Se preciso, fique sozinho por um tempo.

O mais legal no livro de Welwood, que o diferencia de tantos outros sobre a mente humana, é que este oferece práticas muito simples e possíveis para amenizar a mágoa do coração - a tal que nos faz procurar os sujeitos errados. Eu fiz e recomendo!!!

Boa leitura. Beijos!!!