quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Rituais de Ano Novo ou Despedidas e Saudações


Tá chegando a hora de nos despedirmos de mais um ano... Todo mundo animado, afinal vamos beber champanhe, comer rabanada (de novo), abraçar amigos e amores e, é claro, renovar os desejos e metas para o próximo ano. Ah, quem me disser que não faz uma revisão do ano que passou para entrar o Ano Novo com pé direito, tá mentindo! Tá bom, tem gente que não liga pra simpatias e superstições dessa época, mas vamos analisar mais coletivamente o sentido desta festa da virada.

No calendário, o primeiro de janeiro é um dia como outro qualquer, mas se os Humanos criaram esse ritual tão legal e festivo deve ter um porquê. E tem. O sistema nervoso, mental e espiritual dos terráquios inteligentes necessita de uma pausa, de encerrar um ciclo para começar outro. Claro, tem muita gente que continua pelando o saco do outro, sem-noção, mas a maioria das pessoas, adota esses rituais de passagem para aliviar a barra e tentar recomeçar. Se não do zero, pelo menos de uma quilometragem menos carregada!!!

E nessas tarefas de fim de ano vale tudo: simpatias (comer romã e uvas para atrair prospedidade), cromoterapia (escolher cores conforme os seus desejos, a campeã da mulherada), superstições (pular 12 ondas e fazer um pedido para cada mês do ano), além de rituais sagrados, como jogar flores pra Iemanjá (conheço gente que nem é do babado, mas no dia primeiro faz de tudo pra ficar bem com todos os santos). Acho, particularmente, tudo isso válido. Explico: todos esses rituais - acrescentados a uma boa reflexão do que deu certo e do que precisa ser revisto - servem para que a gente consiga visualizar os desejos com o objetivo de que se tornem algo viável, e não apenas um sonho distante. Eu tenho um hábito anual de que gosto muito: pego uma folha de papel e coloco tudo aquilo que eu não quero mais em 2011 (não tô falando de roupa velha, mas de hábitos que cultivo e não me servem mais) e faço outra lista com nove metas que desejo. E elas podem ser materiais ou imateriais. Acho que as imateriais são fundamentais para que as materiais se concretizem. Exemplo hipotético: como vou conquistar um novo emprego se continuo preguiçosa esperando que uma oferta de trabalho caia, como um pop-up na minha caixa de email? Então, todas as metas colocadas no papel se seguem daquilo que é preciso superar para conquistá-la. E, sabem que tem dado certo...

Todo dia 31 eu revejo a lista do ano anterior e refaço, pego o que ficou faltando concretizar e vejo se aquilo ainda é necessário para a minha existência. Se for, eu incluo de novo, se não, descarto. Também faz parte do ritual agradecer à existência por tudo o que eu conquistei e mantive e, me despedir carinhosamente do que não preciso mais. Depois, me concentro nos objetivos para o próximo ano. Então, eu sugiro que faça isso. Tente, não custa nada. Se preferir, deixe a sua lista à vista em algum lugar só seu, para que durante o ano você olhe e cultive aquele desejo. O ser humano precisa sonhar, mas os sonhos podem virar frustração ou realização, basta a gente ser honesto, arregaçar as mangas e ir atrás daquela meta. Todo sonho está ao nosso alcance, basta ter estratégias claras e, um certo merecimento, mas até disso a gente pode correr atrás, não é?.

Então, listei nove desejos para toda a Humanidade, incluindo vocês meus queridos leitores, amigos e parentes de sangue ou de alma:

1. Que a paz reine não só nas ruas do Rio de Janeiro e no Complexo do Alemão, mas dentro de cada um de nós, nos relacionamentos afetivos, no trabalho, nas filas de supermercado...

2. Que todos melhorem seus ganhos financeiros, e que eles sejam resultado de um esforço pelo bem comum e o futuro do Planeta (ganhar na mega-sena e apelar pelo velho jeitinho brasileiro estão descartados),

3. Que conquistem a casa, o carro, a viagem dos seus sonhos (mas não se esqueçam da poluição do planeta e do perigo das dívidas, afinal é melhor ter menos do que se preocupar demais),

4. Que tenham o amor que desejam: com respeito, paixão, boas risadas, companheirismo e sexo satisfatório;

5. Que sejam promovidos nos empregos ou busquem uma nova forma de realização profissional que realmente os façam  se sentir felizes na essência, porque o mundo não precisa de mais frustração;

6. Que vocês possam amar e ser amados como são e pelo o que são, não pelo que têm ou cargo que ocupam;

7. Que os seus amigos se multipliquem e com eles as risadas, os momentos divertidos, os cinemas, os chopinhos, as paqueras...

8. Que vocês (todos nós) consigam perder os quilinhos indesejados, que já começam a a se acumular, deixem a preguiça de lado e respeitem e amem seus corpos;

9. Que nós possamos buscar sempre o equilíbrio entre mente, corpo e espírito para que possamos fazer escolhas mais maduras e acertadas.

                                                        FELIZ 2011 !!!!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Filho de papel

Ele foi inseminado pela enorme vontade de expressar o que a mente já cansava de explorar. Eram muitas vidas, muitas situações inusitadas, irônicas, beirando ao ridículo. E, ao lado dessa vontade, ainda tinha os anseios, as expectativas, a procura pela tampa das panelas femininas, as almas masculinas, penadas ou gêmeas, que de fato pudessem satisfazer as necessidades internas, sejam quais fossem, dessas mulheres.

Então, ele foi sendo gerado pelo mais delicioso sabor da escrita, as possibilidades sem-fim da língua portuguesa de fazer vir ao mundo sonhos, ideias, situações caóticas que toda mulher já passou ou um dia vai passar. E as histórias foram vindo, uma a uma, de vários lugares... Vinham de situações contadas por amigas à beira de um ataque de nervos, de livros lidos, das minhas próprias experimentações no campo amoroso, do inconsciente coletivo e da mitologia.

As deusas gregas foram criadas há milânios, mas, pasmem, elas ainda estão presentes no nosso cotidiano. E isso me intrigou. Vamos fazer um teste: quem nunca conheceu uma mulher que sabe do seu poder de sedução, e seduz naturalmente, onde quer que ela esteja? Afrodite...

E você certamente conhece aquela mulher que só pensa em trabalho, e vê os homens como meros objetos de desejo sexual? Atenas... E a mãezona, aquela que larga tudo para ficar com a família? Deméter... Ah, e a esposa perfeita, que vive para providenciar tudo ao marido e fazer com que ele brilhe? Hera...

Todas essas mulheres vieram ao meu encontro e, unido a minha imaginação fértil a essas deusas incansáveis e complexas, saíram os contos. Eles foram nascendo aos poucos, de acordo com a vibração e os questionamentos do momento. Então, tem mulher que gosta de cafajeste, mulher que quer encontrar amor e sexo, mulher que quer se realizar profissionalmente e está se lixando pra ser mãe, mulher que deseja compartilhar a vida, mulher que quer liberdade, mulher que sonha em casar e construir família, mulher que sonha em comprar um belo apartamento.... Mulher que compete, mulher que afaga, mulher que luta, mulher que sucumbe, mulher que ama, mulher que prefere não amar.

Todas nós estamos nessas deusas, que saem das páginas para viverem livres nas mentes e corações dos leitores. A vocês, meus queridos, eu apresento o meu filho: Diários de Afrodites.

Dia: 11/12 - sábado
Horário: 19h
Local: Espaço Multifoco - Av. Mem de Sá, 126 - Lapa

   

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tricotando...


Amélia e Bianca, Afrodites veteranas, se encontraram por acaso, como força do destino, durante um engarrafamento monstruoso na Avenida Brasil. Nunca tinham se visto, mas as duas tinham tudo a ver, só não sabiam. Naquela tarde de terça, sem nada o que poder fazer - uma tinha contas a pagar a outra unha a fazer - se olharam e começaram a desabafar...
Amélia, que era mulher de verdade no século XXI inaugurou a discussão, que mais tarde, mudaria o rumo daquele tédio acalorado, em meio ao caos urbano.
- Homem não é tudo igual?
- Acho que sim - disfarçou Bianca. A outra ignorou o desconhecimento da desconhecida e tagarelou.
- Olha, eu estou há 10 anos com o mesmo cara, e ele consegue me irritar todos os dias...
- Por quê? - achou melhor perguntar, com uma ponta de arrependimento, mas a conversa prosseguiu.
- Porque todos os dias ele chega em casa, deixa a roupa espalhada na cama, e sai pra beber. Se não é bar, é futebol, meu Deus, o que tanto eles gostam desse negócio de bola, gritaria, é muita ignorância, Deus o livre.
A outra, que não tinha um homem do lado, pensou com os seus botões. "Há quanto tempo meu Deus, eu não sei o que é uma ignorância de homem, do que é que ela está reclamando"? E a outra, descontrolada, emendou.
- Quando eu chego em casa, cansada, o traste ainda quer atenção, comidinha, roupinha passada e, huuum sabe mais o quê, né?
Ela podia imaginar, mas disfarçou, não podia declarar a sua grave falta genérica, então, fez que sim com a cabeça e pensou. "Mulher de sorte... Um homem pra azucrinar a vida. Eu nem me lembro disso."
Amélia sonhava com outros dias.
- Nossa, quando eu era solteira, eu arrasava, era tanto homem atrás de mim...
O diálogo agora era imaginário.
"Que louca! Do que ela reclama?"
- Eu tinha um a cada fim de semana, de tudo quanto é jeito, pobre, rico, estudado, grosseirão. Eu não tinha frescura, comigo era só festa.
"Eu vou matar essa mulher"!
- Mas quando eu casei...
A outra voltou a si e ficou curiosa.
- E aí? Ele era um cara legal?
- O último dos românticos. Me levava pra jantar, pra dançar, pra motel, viagenzinha... Samba, sombra e muita cerveja. Aí, entra na rotina, vem os filhos e o homem começou a beber, a ter amigos, coisa que antes não tinha...
- Mas ele é um bom homem?
- É bom, é honesto, bom pai, me ama, é fiel.
- Minha filha, não reclama não.
- Por quê?
- Porque podia ser bem diferente...
- Como?
- Você podia chegar em casa e não ter ninguém pra conversar e discutir o seu dia.
- Gostei disso.
- Você podia ter toda a liberdade do mundo.
- Gostei mais ainda.
- E podia não ter nem a cor de sexo por sei lá um ano.
- NÃO!
- Então, querida. Dá um jeitinho, vê se compra cerveja pra ele não ter que sair e aguenta o futebol porque afinal, o mundo não é perfeito. E o que são umas horinhas de memória das cavernas?
A outra calou, pensou, pensou e concluiu.
- Quer trocar de vida por um dia?
A plateia, que já prestava atenção no debate, entrometeu em coro.
- Troca menina.
- Que nada. Vai que o marido da outra gosta dessa.
- E vai que ela gosta da vida de solteira... Ferrou!
As duas calaram de novo. E Bianca resolveu proclarmar o fim da discussão.
- Homem é tudo igual, mesmo, mas o pior é que a gente gosta.
Depois de algum tempo, Amélia e Bianca se tornaram amigas e confidentes. A insatisfação delas já não era tão grande durante as horas de poker na casa de Amélia. Enquanto o marido assistia ao futebol na sala, as duas tricotavam no quarto com uma cervejinha gelada. As novas amigas de infância chegaram ao veredicto final da conversa.
- Nenguém está contente com o que se tem e a maior arte da vida é aproveitar o que se tem.
Elas estavam aproveitando. Afinal, como já dizia Rita Lee, amor e sexo são coisas diferentes e quando se pode juntar as duas, ninguém ousa desperdiçar.

sábado, 4 de setembro de 2010

Artemis e os segredos da floresta



Conta a mitologia, que a deusa Artemis nasceu com a missão de caçar (não vou me alongar contando a história do nascimento dela) e viver junto à natureza, e por isso, vive bem e muito bem ao ar livre, longe dos humanos, a ponto de fazer voto de castidade.

Desde o começo da Humanidade, as deusas e deuses deixaram mensagems em nós que continuam firmes e fortes no nosso inconsciente, e por isso, envoco essa "amazona" da mitologia grega - Diana para os romanos - nesse ensaio sobre a minha recente viagem à Amazônia. Calma, não me embrenhei na floresta como uma bandeirante, nem fui fazer escursão em nenhuma tribo indígena (adoraria ter essa força de espírito, mas ainda não tive), fui conhecer projetos interessantes de educação e produção agrícola em meio a um verde inebriante e vibrante de paz e vitalidade.

Vou fazer um parêntesis, se me perdoem. A reportagem, para mim, é uma arte. E essa arte passa por alguns estágios. Primeiro pelo contato com o novo sem olhar para ele com olhos estrangeiros, mas buscando as referëncias internas capazes de nos colocar no lugar do outro sem fazer diferenças - caso contrário (como, se for pensar nos mosquitos gigantescos ou se o copo d'água que te oferecem está limpo) o trabalho se transforma em um desfile de frescuras, preconceitos e clichês. Depois, a reportagem vai para o passo mais decisivo, que é a peneira que leva à escrita, e essa parte, do julgamento, é a mais perigosa, por isso, temos que estar abertos a um olhar humano, uma percepção instintiva e nos perguntar: qual a emoção desse momento? Qual a maior riqueza desta pessoa, deste lugar? O que eu, como ser humano igual a ele, pude aprender com esse povo que estava aqui quieto, sem pedir a minha presença, nem tão pouco a minha interferência?

Parêntesis feito, vou chegar à floresta (isso depois de muito chão). O Pará é terra de gente simples, muito simples. Não a ponto de passar fome, como no sertão nordestino, ou enfrentar a seca do semi-árido, simples pela condição de estar junto das coisas naturais e eu aprendi um monte com esse povo. O contato rural sempre me remeteu à infância, quando me jogava descalsa na terra batida da fazenda do meu pai, e podia vê-lo tirar leite da vaca, ou fazendo queijo, e quando chupava manga no pé e corria dos cachorros. Essas lembranças são adoráveis, não só pelo fato de estar rodeada das pessoas que mais amo, mas porque quando em contato com a terra, a gente volta a ser simples, a descomplicar a vida, a pensar como somos fúteis e cheios de paranóias, e isso renova a alma em busca do propósito único: ser feliz por completo. O povo da floresta respira ares de felicidade! Não estou brincando, nem sendo piegas. É a mais pura verdade. Mesmo com as dificuldades deles, como por exemplo, andar em estradas de chão
que demoram horas para se deslocar de um lugar a outro. Falta de eletricidade e alguns confortos como celular e internet.

Pude ver o brilho nos olhos de meninos, que falam errado, mas podem se expressar sem vergonha e sem a compulsão frenética dos celulares e computadores, apesar de já poderem ter contato com essas ferramentas da modernidade. Senti a pulsão de esperança de um agricultor que andava mal das pernas, mas que com uma ajuda mínima de umas vaquinhas, se encheu de alegria ao ver que em breve vai poder vender leite, além de produzir açaí para abastecer a capital com a tão cobiçada fruta, tão valorizada, que o faz sorrir de orelha a orelha. Esse homem só quer ter uma vida mais tranquila, e não sair do campo. Não imaginem um homem desdentado ou maltrapilho, imagine o seu pai, apenas sem cinto e com barba por fazer e sem cortar o cabelo: esse é o homem do campo.

Esse mesmo personagem me deixou ainda mais fascinada. Ele construiu uma casa sem nenhuma parede no meio da floresta. Tëm ideia disso? Dá para sentir o tamanho do prazer deste homem em estar junto à natureza? Não tem medo de cobras, lagartichas, besouros e outros bichos que nem tenho coragem de pensar. Ele é uma pessoa simples, que tem valores simples, e preserva a vitalidade que falta aos homens da cidade, preocupados com a conta bancária e a violência que veem na televisão. O homem do campo aproveita o que a terra oferece com gratidão, e retribui em forma de felicidade. Felicidade que ele passa para os filhos, todos formados - um deles é biólogo - o que gera a harmonia em família. Ali na roça, divórcios são raros e não há mulheres se queixando da falta de homem (isso tem de montão e todos querendo casamento). Voltando à casa sem paredes, dentro da minha perplexidade e encantamento, eu quis saber como eles conseguiam dormir com tudo aberto, se não sofriam com os mosquitos... O homem me disse que não havia mosquitos (brincadeira, ele estava era acostumado!), mas que o frio incomodava um pouco. Só isso. Incomodava um pouco, sem problemas e conflitos maiores. Admirei tanto essa família... o casal, orgulhoso de seus frutos, me serviu suco de maracujá e caju (todos naturais) e bolo de aipim feito pela esposa. Um espetáculo! Sai de lá feliz e grata, valorizando as coisas mais simples da vida. A minha casa, a minha família e tudo de lindo que posso conhecer e construir com simplicidade e amor.

Depois dessa experiência, ainda conheci o Parque Zoobotânico de Carajás, que abriga umas oncinhas, uns macacaquinhos e umas ararinhas maravilhosas, também conheci o Urubu-rei (ele é branco, sabiam?), coisas da Amazônia... Uma riqueza que não poderia explicar com palavras. Só mesmo conhecendo para ver de perto esse universo maravilhoso, pulsante de vida que é a floresta. Eu já estive em muitas zonas rurais, pus os pés em muitos jardins e abracei muitas árvores gigantes, mas nunca tinha sentido o que senti na Amazônia - a maior biodiversidade do planeta, uma cidade de seres distintos convivendo em harmonia, o que deixa o homem realmente no chinelo.

A densidade das copas, os sons, os cheiros, a energia, tudo é inigualável. No Parque há uma sala de coleções com simplesmente 2.500 indivíduos - insetos (lindos e assustadores), frutos, sementes e tipos de madeiras. É espécie que não acaba mais, coisa de maluco... Ártemis dentro de mim entrou em êxtase máximo. Mas, Atena falou mais alto, e voltei para a cidade. Não sem antes prometer à minha deusa selvagem que voltarei ao campo o mais breve possível...

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O retrato da alma


Responda rápido: qual o melhor cartão de visitas, o mais eficaz produto de beleza, e o melhor cumprimento que existe? O olhar? Talvez. Mas acertou na mosca, quem disse o sorriso.



Muitos por aí defendem o tal "carão", a cara de paisagem, o riso forçado, a máscara... Mas façamos uma análise. Na sua memória afetiva você se lembra mais das pessoas sérias e discimuladas ou das alegres, aqueles engraçadinhos, ou até mesmo surtados? Para mim os tipos inesquecíveis e amigos adorados são os que me presenteiam com os seus sorrisos, seu estado de espirito, suas brincadeiras e até mesmo as sacanagens inofensivas.



Não acho que se deva perder o amigo em nome da boa piada. Estou defendendo e correndo atrás de companhias leves, que me façam abrir o sorrisão ou gargalhar, até a barriga doer...



Recentemente passei por uma experiência muito boa e delicada, ao mesmo tempo. Trabalhar na redação do Jornal do Brasil em decadência, prestes a deixar de exisitir. Mas a grande lição que tirei veio através das pessoas, profissionais de grande competência, colegas de uma espirituosidade marcante e que deixou saudades. Fazer piada da própria "desgraça" não é pra qualquer um!!! Na redação do JB tinha todo o tipo de humor, até o "negro", mas todos bem pra cima, apesar da circustãncia de quase desemprego. O meu vizinho Paulo Márcio, por exemploo, quase matou todos de rir quando in ventou uma fala para o espanhol Oscar, o homem que ganhou o primeiro transplante facial do mundo, e que segundo os médicos, foi muito bem sucedido. Para o meu colega, não foi bem assim... Imaginem um fanho com torcicolo, esse era o  resultado da plástica, segundo Paulo, com uma imitação hilária da desgraça humana. Só para explicar para os não-jornalistas: isso rola com pessoas em situação de isolamento forçado e com a corda no pescoço, como numa redação de jornal ou tevê.



Evelyn é um exemplo de sorriso que ilumina todo o ambiente. Sua espontaneidade e senso de humor vou levar pra secmpre na memória. Um rosto solar, que irradia beleza, sinceridade e por isso - e outros atributos mais - exala sensualidade. Uma repórter adorável de futuro brilhante. Raquel é outro sorriso contagiante, mais experiente e sarcástico, que despertava as mais idiotas brincadeiras masculinas. Todos, claro, queriam provocar o seu sorriso belíssimo e simpático. E o que dizer dos malandros, Cláudio e Fernando, disputando a nossa atenção com piadas, imitações de Silvio Santos e trocadilhos infames sobre as notícias massacrantes da TV. "O Macarrão gosta mesmo é de linguiça" (sobre o amigo do goleiro Bruno), ou "a voz do polvo é a voz de Deus" (sobre o vidente da Copa). E ainda, para divertir os trabalhadores do Mundial, a dupla, Paulo Roberto Falcão e Casa Grande cover fazendo comentários pra lá de irônicos sobre os comentaristas reais.



Enfim, poderia citar inúmeros sorrisos marcantes na minha vida. Todos me conquistaram de cara. Cláudia Tisato, a gargalhada pop. Filismino, uma pessoa sorriso. Thyana, um sorriso meigo. Nunca vou me esquecer de quando Bruno Pacheco me contou uma história muito doida de quando ele foi conhecer, bêbado, o pai de uma antiga namorada, horas de gargalhada e aquela sensação boa de que viver vale à pena. Isso porque o riso é a pura expressão de sinceridade e espontaneidade. Muito difícil alguém dar uma gargalhada forçada, a gente percebe. Também me lembro de uma estagiária que dizia que rir atraía os homens (durante a caça). Eu achava graça, mais do jeito que ela falava, do que para alcançar o tal objetivo. "Paula, vamos rir que atrai". E ela saia inventando um caso engraçado pra chamar a atenção dos marmanjos. Uma adorável maluca!!!



Enfim, a vida tem muita graça. Se não está encontrando motivos para sorrir, sorria mesmo assim, porque você vai atrair pessoas para uma conversa, um ombro amigo, ou um flerte, quem sabe? A simpatia é a melhor das qualidades. Eu adoraria ganhar esse trófeu, conquistado no cinema pela sorridente Sandra Bullock. Tá vendo, rende até Oscar!


Beijos solares para todos!!!

sábado, 3 de julho de 2010

Lições da derrota


A foto ao lado é um raio-x do sentimento de todos os brasileiros com a derrota do Brasil na Copa da África: um choro só. Mas, recompostos da tristeza, sem deixar o patriotismo de lado, analisemos com um pouco mais de frieza e racionalidade as lições deste Mundial.

- Por que a nossa identidade como povo está tão atrelada ao futebol? Tudo bem, somos um país recente (500 anos não são nada) e ainda estamos engatinhando na construção da nossa imagem, mas será que já não chegou a hora de crescermos e nos tornarmos referências em outros assuntos, além do esporte e do carnaval? Nações de respeito têm que mostrar força da economia, da boa diplomacia, preocupação com o meio ambiente e, principalmente, atenção às necessidades físicas, emocionais e espirituais de seu povo. O Brasil, em ano de eleições, deveria se preocupar mais com essas questões.

- Será que temos sempre que ganhar no futebol? Agora vem a parte do nosso ego latino-americano, passional, irracional e, um tanto, inflado na sua virilidade masculina (afinal, futebol feminino não tem tanta empolgação). Ok, perdemos, podemos melhorar e ganhar na próxima, não é o fim do mundo. Nossos colegas "hermanos" argentinos sofrem do mesmo trauma, sentem-se um lixo quando perdem. Quê isso!!! Vamos ensinar a Maradona. E a nossa arte, a nossa receptvidade perante o mundo, a nossa diplomacia, a nossa capacidade de lutar em qualquer lugar do mundo? Somos reconhecidos, entre os gringos, como o povo alto astral, com economia entre os países que mais crescem no mundo e temos respeito por isso. Será que não está na hora de a Pátria de chuteiras dar lugar à Pátria de mentes e corações que brilham?

- Todos estão tentando achar os culpados pela derrota, mas uma perda não faz mal a ninguém! Vale lembrar que daqui a quatro anos, a Copa é no Brasil e será bem mais emocionante ganharmos em casa. Aí sim, será uma festa histórica e merecida. Então, levanta a cabeça, Brasil, chega de choro e mãos e pernas à obra!!!

E como eu também sou fã da seleção brasileira, começo uma campanha pela volta do Futebol Arte e faço abaixo uma lista dos erros e acerots para o próxima Mundial.

1. Mal Humor não entra: o técnico da seleção tem que ser rígido, mas deve ter jogo de cintura e educação para falar à população, faz parte do pacote;
2. Fora ao jogo sujo: fica cada vez pior assistir aos jogos ultimamente, porque os caras, só porque são fortes, acham que podem bater, agredir, socar, cabecear e pisotear em campo. Chutar: só a bola, ok?;
3. Craque: essa palavra deve ser levada a sério quando se trata de futebol. Ela não é sinônimo de droga, quando falamos de convocação de representantes da nossa Seleção Canarinho.
4.  Xingamento 0: o técnico da seleção deve deixar as richas particulares, apenas para as divididas com a bola e os adversários em campo. Jornalistas podem até ser arrogantes, mas são representantes da nossa sociedade e estão ralando para dar o melhor, portanto, merecem respeito;
5. Holanda:  foi o time que nos eliminou, estamos irados, mas vamos combinar que o país deu um show de Fair Play na Copa, exibindo na camisa de cada jogador, a bandeira do adversário ao lado do símbolo holandês. Simplesmente, muito chique. No fim do jogo, o consolo do jogador "rival" ao Robinho (na foto acima) é uma demonstração de carinho e emoção, o que confirma a miha teoria: futebol não é guerra, é apenas diversão.


VAMOS PREPARAR A TORCIDA COM APITOS, TAMBORES E CORNETAS

BRASIL: 2014

domingo, 9 de maio de 2010

A maternidade atual




O que é ser mãe em tempos modernos? Alguém se arrisca em definir? A mulher atual trabalha,  faz compras, malha, cozinha e ainda vai ao sex shop para agradar o marido... Ufa, ela não ocupa mais o cargo de deusa, mas de heroína! Sim, é certo que os papais modernos também dão uma força e isso faz com que a maternidade fique mais suportável e prazeroza. A parceria do casal é essencial nos dias de hoje, mas tem um monte de mulher que insiste em fazer carreira solo, ter filho sem namorado, marido, companheiro, ou seja um macho do lado! Gente, já pensou isso? Cuidar de um bebê sozinha, ter que amamentar e ainda cuidar da casa, das tarefas domésticas, tudo isso  junto com a dança hormonal do corpo carente? Algumas diriam que estou sendo machista ou antiga. Prefiro achar que sou realista.

O relógio biológico ou sociológico grita no nosso ouvido primeiro aos 28, 30... A mulherada sai correndo atrás de um marido, casa com o primeiro que aparece, como um taxi livre em dia de tempestade. E aí vem a primeira decepção. Depois, mais madura, aos 35 o relógio começa a berrar. E de novo, mulheres que não querem ficar pra tia ficam obsecadas com a ideia de ser mãe. Tudo bem, vamos dar um desconto, a maternidade é mesmo uma das experiências mais lindas que uma pessoa pode experimentar (falo isso apenas constatando o grau de felicidade de otras mães), mas e tudo o que a gente luta e rala no dia-a-dia, também não seria uma gestação? E a fertilização de projetos, a gravidez de ideias, a maternidade de si mesma? Dar vida a outros sonhos também não seria uma experiência maravilhosa?

Há uma controvérsia na vida da mulher do século atual: ser uma grande profissional versus ter uma grande família. Isso mexe demais com a psique feminina porque a natureza não muda mesmo com a mudança do comportamento da sociedade e a mulher nasceu tendo tudo para ser mãe. Algumas optam por não ser, mas as que desejam essa experiência ficam confusas, devem perseguir essa ideia ou deixar a vida acontecer e esperar até encotrar a pessoa certa, o momento mais apropriado ou a conta bancária dos sonhos...

Assisti recentemente a um programa de TV onde mulheres contavam como viveram a aventura da maternindade depois dos quarenta e todas elas foram firmes ao dizer que são melhores mães com essa idade do que seriam com vinte e poucos. Elas realizaram muitas coisas, experimentaram a vida com tamanha intensidade que naquele momento se sentiam plenas de paciência e vontade para se dedicar exclusivamente a um novo ser. Algumas adotaram, outras tiveram que fazer tratamento de fertilidade, mas estavam muito felizes e realizadas. Essa conversa me deixou animada!! Agora, quanto à produção independente, o buraco é mais embaixo. Isso tem suas consequências, criar um filho sem referência paterna é um risco. O mais importante é pensar que essa aventura não é um filme que dura duas horas, é para sempre e portanto, exige mais razão do que emoção.

Afinal, tem criança de montão nesse mundo, mesmo as que possuem uma mãe biológica, mas que carece de afeto, atenção, educação e amor incondicional. Se você é mulher, então pode doar o seu amor para qualquer ser humano, sem precisar sair do seu umbigo!!! Ser mulher é poder ser mãe a qualquer momento, em qualquer ocasião, esse exercício é um excelente treino para quando a real maternidade vier ao nosso encontro. 


domingo, 11 de abril de 2010

SOLIDARIEDADE: O FUTURO DO PLANETA

As chuvas da última semana, que deixaram o Rio de Janeiro sob estado de choque e indignação, nos chamam à reflexão. Deusas e deuses contemporâneos também vivem calamidades em meio ao dia-a-dia agitado e têm que conviver com elas, queiram ou não queiram, é inevitável, e não adianta culpar a fúria da Natureza. Não, a Natureza não é responsável pelo alagamento de ruas, avenidas e casas, nem pode ser condescendente com o total descaso e arrogância do Homem, que constrói casas onde não deve e entope a terra com lixo e poluição. Bem, o objetivo aqui não é achar culpados, pois isso, a mídia já está fazendo. Aliás, para a "Senhora da Verdade" é tudo muito fácil, em nome do espetáculo, põe logo a culpa nas autoridades e no povo irresponsável que não vota direito... E quanto ao seu papel de formadora de opinião?  Fica isenta de responsabilidade? Mudemos o rumo desta prosa-tragédia.

Que lição podemos tirar desta lamentável situação em que se encontram  a cidade maravilhosa e adjacentes, debaixo d'água? A solidariedade e a gentileza, que podem ser encontradas sob os escombros dos desesperados da chuva ou dos abalos da terra. O velho ditado "a união faz a força" renasce mostrando que nunca morreu, na verdade, as pessoas é que se esquecem de que não podem viver sozinhas. Porque na hora da calamidade, da perda, do desamparo, há sempre uma legião de voluntários anônimos, vestidos de esperança e cordialidade, compartilhando o que têm e às vezes o que não têm para amenizar o sofrimento do outro. Em tempos de competitividade e capitalismo selvagem é confortante ver a mão estendida ou a casa aberta, a oferta de donativos, o trabalho incansável de pessoas comuns, que não ganham materialmente nada em troca, apenas a certeza de que fizeram tudo por alguém que perdeu quase tudo. Então, confirma-se a profrecia popular: "gentileza gera gentileza", a sabedoria milenar japonesa: "gratidão gera gratidão" e o mundo respira confiante, pois a Terra continua evoluindo.

 O trabalho de voluntários não apenas nas calamidades é outro fato a ser analisado. Milhares de brasileiros doam parte do seu tempo ou dinheiro por causas humanitárias e sociais, ou para trazer de volta a dignidade, a beleza, a arte, a contemplação, o Belo. E nós somos um dos povos que mais ajudam uns aos outros. Há alguns meses, uma pesquisa feita pelos britânicos me chamou atenção. Eles chegaram à conclusão de que o ser humano não consegue ser feliz apenas vivendo para si mesmo. Foi constatado por números que o grau de felicidade aumenta quando um indivíduo sabe que outras pessoas também estão prosperando. Então, é a ciência provando que o individualismo não está com nada.

Conheço muitas pessoas que fazem trabalho voluntário, às vezes até desembolsando grana por uma causa, porque acreditam que essa ação pode fazer a diferença. Esses seres conscientes se doam para melhorar a vida de outros e eu observo que eles são muito felizes, sentem-se mais satisfeitos com o que têm e entrando em contato com as dores alheias, têm menos a reclamar. Cada vez mais me convenço de que o futuro da Humanidade depende da nossa capacidade de olhar o todo, de sairmos do nosso próprio umbigo e enxergar o outro como a nós mesmos. Assim como ensinaram os grandes mestres: Jesus Cristo, Maomé, Buda, Mokiti Okada. Experimente. Seja o mestre da sua própria existência!

sexta-feira, 26 de março de 2010

CONTEMPLAÇÕES DE UM DIA DE DELÍCIA


Toda Afrodite moderna tem sede de agito, ânsia por movimento, trabalho, correria, rotina. Eu mesma sempre achei que o certo é ocupar o máximo o tempo com coisas úteis: escrever, malhar, trabalhar, fazer um curso de Deus sabe o quê, e não parar... Acho que essa sociedade de consumo nos obriga a fazer mil coisas ao mesmo tempo porque se pararmos, vamos refletir, deixar para depois o que pode ser comprado hoje. E isso não interessa ao bolso de nenhum capitalista.

Mas ideologias à parte, resolvi deixar a  culpa de lado e tirar um dia de folga no meio da semana. Isso mesmo, folga de tudo. Afazeres domésticos, preocupações, planos para o futuro, cursos, internet e até a academia. Não queria provar uma teoria, mas acabei comprovando que o ócio é mesmo uma bela inspiração para criarmos. Se não, vejamos....

Comecei o dia fazendo compras de supermercado. Isso não teria a menor graça no meu "Dia de Delícia" - roubando o jargão da Leila, uma amiga minha - se as compras tivessem sido feitas com pressa e de lista em punho. Nada disso. Hoje foi tudo lento, dentro da boa e velha "baianidade", planejando calmamente e meticulosamente as calorias para o meu fim de semana. Tudo muito bom.

De lá, segui para a vagabundagem, ou melhor, rumo ao descompromisso, ou melhor ainda, gozando da liberdade que todos deveríamos ter! Fui ao Centro comprar a lâmpada do Aladin. Deixa explicar, essas lâmpadazinhas quase minúsculas que se coloca nos iluminadores para câmeras, dando vazão ao meu atual hobby - aprender a filmar tudo e todos com um olhar meu. Mas isso é conversa para outra postagem. Voltamos ao ócio contemplativo. No caminho do achado, outro "achadinho" - parafraseando o blog da minha amiga Raphaella Avena - encontrei uma bolsa de viagem, badulaques e apetrechos para carregar a parafernália eletrônica da minha nova paixão.

Depois, resolvi ver o que estava rolando no Odeon. Sabe, era fim de tarde, o metrô estaria lotado, então... Lá vou eu me justificar! Achei que estaria passando o filme argentino "O Segredo dos seus olhos" - aquele que ganhou Oscar de melhor estrangeiro - mas não, era um brasileiro, meio argentino: "Histórias de Amor duram apenas 90 minutos". Isso porque o Odeon é igual loja popular em liquidação, se o filme que você quer ver estiver passando lá, corre, se não acontece o que aconteceu comigo... Mas tudo bem, gosto do Paulo Halm - que foi roteirista dos filmes da Sandra Werneck: "Pequeno Dicionário Amoroso" e "Amores possíveis" - então, comprei o ingresso. Mas havia duas horas de bobeira antes da próxima sessão.

Bem, ali ao lado tinha uma feirinha de roupas e acessórios. E como diz a minha amiga Julieta, não prestou! Sabe o que eu gosto nessas feirinhas? É que elas te dão a chance de conversar, bater papo com os vendedores, que normalmente fazem os próprio modelitos e vendem com aquele prazer de quem criou a peça. Dá gosto! Além, é claro, do bolso que agradece. Isso em dias possíveis de temperaturas amenas de outono, óbvio!!! Comprei três saias bem na tendência (tomara que seja!) por apenas 50 reais. Na barraca ao lado, tinha bijou. Fiz a festa! Claro que essa experiência só pode ser feita com tempo de sobra porque a pessoa tem que experimentar TUDO, se não, cai na bobagem de comprar uma aberração fashion que nunca vai sair do armário. Saí de lá me amando... 

O ócio estava indo de vento em popa e ainda faltavam 40 minutos. Então, entrei no Odeon e saí vagando pelos corredores. Cheguei ao segundo andar e achei a mais nova locadora fo grupo Estação funcionando lá dentro. Fucei todas as prateleiras e descobri uma coleção de Bergman que faria meu amigo Thiago delirar! Fiquei imaginando qual dos filmes ele me aconselharia... "Sétimo Selo"? "Morangos Silvestres"? Ahh descobri também que os recentes "Julie e Júlia" e "Coco antes de Chanel" já saíram em DVD, vai aí a dica.

Entrei no café ao lado e o garçom demorava horrores para me atender. Mas fiquei quietinha, feliz, contemplando aquele momento. Do cardápio pedi croissant de queijo Brie com Damasco e me lembrei de Adriana, outra amiga e de sua companhia sempre radiante. Com essa sensação boa, surgiu uma poesia... Peguei um guardanapo e escrevi, chama-se Quietude e está bem aqui ao lado para dar o tom desse dia tão rico de nada e tudo ao mesmo tempo.

Finalmente entrei para o cinema. O filme, para a minha surpresa, é MUITO BOM. Comecei desconfiada, achando que Halm estava entregando o ouro de roteirista para o público na sua primeira experiência como diretor. Mas desencanei e curti a história, os enquadramentos maravilhosos, as situações ridículas que rodeam todos aqueles que amam, já amaram ou um dia amarão. Ahhhh, nesse filme as mulheres vão à forra com os machões, o personagem de Caio Blat sente no couro (para não dizer naquele lugar), o que nós fazemos às vezes para agradar um homem. Nem adianta que não vou contar, tem que ver o filme.

Bem, o meu dia de bobeira termina com saldo positivo: esta postagem, mais a poesia e as lembranças de um bom filme e uma boa companhia. Experimentem!!!

Beijos

domingo, 14 de março de 2010

MUDANÇAS, TRANSFORMAÇÕES... A RODA DA FORTUNA

Roda mundo, roda gigante,
roda moinho, roda pião.
O tempo rodou num instante,
nas voltas do meu coração...
(Chico Buarque)

As mudanças são uma regra universal e deveriam fazer parte do nosso cotidiano, naturalmente... Mas nós seres humanos, muitas vezes limitados, temos medo, pavor, verdadeiro pânico do desconhecido. Mas ele é inevitável e ao mesmo tempo, incoscientemente, desejado. Já pensaram se a gente vivesse 90 anos no corpo de um bebê? Ou morasse na mesma casa a vida toda, com os mesmos móveis, os mesmos vizinhos, as mesmas conversas? Poderia até ser bom, mas não seria nada emocionante! As pequenas mudanças são até bem-vindas, mas as grandes... Pelo amor de Deus, a gente evita até de pensar! Quando os filhos se casarem... Quando não tivermos os pais por perto... Quando formos demitidos... Cruz credo, bate da mesa!!! É assim que muitas vezes pensamos, mas na real, são as mudanças que fazem girar a Roda da Fortuna. Ou será que alguém já nasceu chefe de uma empresa, ou Top Model, ou grande artista? Impossível. Até os filhos de peixe começam a vida num riacho pra depois encarar o marzão, cheio de aventuras. E são essas aventuras que move ma vida, que nos faz querer algo melhor, nos tornar alguém mais interessante. Então, as mudanças são imprescindíveis, ora bolas!


Por mais medo que possamos ter, andar é melhor do que ficar parado, estagnado, empacado, olhando a vida passar. Podemos falhar, com certeza, mas isso também faz parte da aventura, e porque não trilhar o caminho do verdadeiro sucesso? Da tão sonhada realização profissional? Na vida amorosa, a mesma coisa. Vejo mulheres e homens acostumados com uma relação pouco satisfatória ou com uma condição de solidão não desejada porque têm medo de encarar a nova situação. E se na esquina estiver o homem certo para você? Ou então, se naquele curso que tanto deseja fazer te espera um futuro brilhante em outra direção?

Vejo mulheres maduras com medo de inovar e Afrodites jovens, mais ousadas e corajosas, não sei se tem a ver com idade, mas com maturidade. Os homens também andam se acomodando fácil demais, têm a desculpa perfeita para ficar num casamento ou emprego que não mais os satisfazem porque têm que "sustentar os filhos". E qual a mensagem que estão dando para as crianças? !Sejam medrosos como o papai". Claro que prudência é necessário, mas arriscar é mais ainda. É uma realidade realmente triste de se constatar. Ontem vi um filme que, pra falar a verdade, a princípio me atraía apenas pela presença gloriosa de George Clooney, mas acabei aproveitando mais do que o charmoso ator. O filme "Amor sem escalas" é sobre um homem individualista (e não solitário) que tem por profissão demitir - juridicamente a palavra é dispensar (soa até mais bonitinho) - profissionais de várias companhias, friamente e fornecer a eles suas "opções" a partir daquela decisão. A maioria das pessoas encara tudo pessimamente, é um festival de lágrimas e palavrões, todos se sentem rejeitados e humilhados. Até que Mr. Clooney, com aqueles olhinhos pequenos de suspirar (ai, ai...), perdão, onde estava? Bem, ele tenta amenizar as coisas para um pai de família, com dois filhos pequenos para sustentar, dizendo que essa é sua oportunidade de ouro, porque finalmente ele vai poder seguir o sonho de abrir um restaurante e ser um chef. Na hora, a gente pensa, não é que isso é legal?

Claro que a mensagem pode ser também: que ironia, o próprio sistema capitalista é quem resolve o que devemos ser e fazer... E isso também é uma verdade, mas prefiro pensar que entre o mais cômodo e o caminho da realização pessoal, fico com a segunda opção. O que é garantido na vida? Nada. Até o que parece ser igual a vida toda, não é, ilusão, está tudo mudando e girando o tempo todo, é Lei Universal.

Na psicologia Junguiana, a mandala (os círculos presentes nesta postagem) simboliza a nossa totalidade psíquica. C. G. Jung observou que essas imagens são utilizadas para consolidar o mundo interior e favorecer a meditação em profundidade. Então, caros leitores, eu presenteio vocês não só com a minha transformação ao longo de cinco anos: de jornalista a escritora, mas também com essas figuras mágicas, para que vocês encontrem na sua essência, a energia transformadora para mudar tudo o que não está bom dentro da sua realidade.

E como tudo muda mesmo, estamos de cara nova para um novo ciclo que começa depois do aniversário. Compatilharei com vocês todas essas novas aventuras, prometo.


Beijos!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DIVAS DA MÚSICA OU DA PLÁSTICA?

A passagem da super linda Byoncé pelo Rio me chamou atenção e me fez pensar sobre as novas Divas da música pop. Eu que acompanho a carreira de algumas delas, me sinto capaz de ter uma visão crítica, sem querer tirar o brilho e o esforço das moças, fazendo apenas uma reflexão sobre o mercado da música e a manipulação da imagem da mulher moderna.


A toda-poderosa de não sei quantos Grammys, filmes e muita grana no bolso começou sua carreira como integrante de uma banda de meninas, a "Destiny's Child", se lembram? E Byoncé já se destacava não só pela voz macia e rouca, super afinada mas também, pelo trasei... digamos rebolado. Shakira, outra cantora-sensação também começou tímida, na Colômbia, de cabelões pretos e pele muto branca, e uma voz de arrebatar. Mas depois... Bem, a voz continua a mesma, mas os cabelos pretos e a menina ingênua, isso é passado. Onde quero chegar? Já repararam no que as musas da música têm que se sujeitar para chegar ao topo da mídia e do "sucesso"?


O figurino é sempre provocante, beirando ao vulgar (reparem no look de Byoncé nos shows e clipes). E a dança mais ainda, uma mistura de funk poposuda, com boquinha da garrafa, somada a caras e bocas de quem está tendo orgasmos constantes. A ideia clara é seduzir, vender música hipnotizando olhares de homens sonhadores e mulheres iludidas, que tentam se espelhar. Isso não é um discurso moralista, mas um olhar sobre algo que se tornou comum hoje em dia, a sexualização da mulher. Hoje só se alcança os ouvidos das massas se a cantora for gostosa.


Por exemplo, a cantora Sade - que eu amo, e tem uma voz inigualável, mas é discreta e sensual à sua maneira - não arrasta milhares ao Maracanã como Madonna, campeã em tirar a roupa. Entendem? Colocando no nivel das mortais, essa imagem da mulher "bem-sucedida" - uma aliança do poder sexual, com o econômico e social - está deixando as meninas cada vez mais masculinas. Não ao se vestir, mas ao falar, andar, se comportar e até na maneira de transar. Estão quase todas - principalmente as mais jovens - falando como homens: que "pegam" tantos, que fazem e acontecem na cama, deixando até os marmanjos constrangidos. Também bebem como homens e saem pregando que preferem os bad boys. No final, ao contrário das Divas que alcançaram um nível de riqueza material fazendo cena de "pegadoras", as meninas super-poderosas do cotidiano, ficam sozinhas.

Sei que são coisas da indústria, do mercado competitivo, mas também tem a ver com a personalidade e o caminho que cada pessoa escolhe. Eu acho difícil ver Marisa Monte se sexualizar para vender discos. Já outras seguem esse caminho e perdem a identidade, se deixando levar pela cabeça dos empresários, como Mariah Carey, Britney Spears e tantas outras.

Então, nós mulheres que assim como as musas pop, também queremos ser bem-sucedidas em nossas carreiras, na vida amorosa e na sociedade, vamos ter que mostrar o corpo ou a nossa verdadeira personalidade? Penso que se todas decidirem pela imagem das estrelas, vamos ter um futuro confuso, de pessoas perdidas e infelizes em busca de riqueza. Mas se optarmos pela liberdade de mostrar nossa feminilidade de forma mais natural e singular, acho que nós poderemos liderar o mundo.


Cuidem-se! Beijos.






sábado, 30 de janeiro de 2010

MÁSCARAS E FANTASIAS: VIVA O CARNAVAL DE TODO O DIA!


Gente, carnaval é a festa preferida dos brasileiros e eu, particularmente, adoro esse clima que deixa o Rio ainda mais irreverente, caloroso e alegre. Tem muita gente que gosta da "pegação" do carnaval - afinal, é a festa da carne - eu, que já passei dessa fase, acho que é a festa dos amigos, da galera, da turma... Já pensou ir a um bloco de rua sozinho? Ou ao desfile no sambódromo sem uma companhia agradável para cantar, sambar e tirar muitas fotos? Não, não teria a menor graça. No carnaval, eu aproveito para reforçar os laços com pessoas vibrantes, animadas (sem necessidade de excessos), que me acompanhem com o maior pique e topem todas as paradas. É, porque carnaval não é brincadeira de criança, não. Tem um sol de rachar, gente se acotovelando, empurra-empurra, os chatos pegajosos que querem te agarrar e os malas, que insistem para que você "tome mais uma". Tem que estar disposto a curtir e a sair fora também quando chega a hora H. E quando tem briga? Tem que estar junto pra sair de fininho ou correr mesmo o mais rápido possível. Eu posso dizer que um bom carnaval é sinônimo de boa companhia.


Outro ponto forte do carnaval é a fantasia... Não é uma delícia sair fantasiado de outra pessoa, totalmente diferente? Ou nem tão diferente assim, mas por para fora aquele outro alguém que insiste em sair, mas a gente abafa o resto do ano. Então, quando é carnaval todos os bichos se soltam! Alguns são bravos, outros delicados - cada um com a sua catarse momentânea. Tem os personagens de conto de fadas, das histórias em quadrinhos, do imaginário popular - a melindrosa, o pirata, o presidiário, o palhaço, a múmia. Tem os animais - oncinha, gatinha, coelhinha, borboletinha. Eu adoro as do universo infantil, a Branca de Neve, por exemplo - trauma por não ter tido uma festa temática quando criança, paciência. Mas no carnaval, essa fantasia vem acompanhada, de preferência, por um príncipe bem alegre, companheiro, leal, que curte junto, se diverte e vai pra casa junto. Essas fantasias nossas de cada dia podiam ser reforçadas ao longo do ano, não acham? Por que será que só no carnaval a gente acredita nessas coisas? Isso não podia ser constante?


As máscaras de carnaval começaram essa tradição de deixar de ser quem nós somos, pelo menos uma vez no ano. Foi no carnaval de Veneza, que segundo a história, elas foram criadas para que os nobres pudesse se infiltrar junto aos plebeus e ganhar umas mocinhas sem que suas esposas descobrissem. Isso foi lá na Idade Média. Hoje, as máscaras são objetos belíssimos que enfeitam o rosto e continuam povoando a nossa imaginação. É, porque quando vestimos um desses acessórios carnavalescos purpurinados e glamourizados, abrem-se, imediatamente, as portas para um universo de ilusões. Assumimos uma nova personalidade, adotamos um comportamente ou mais ousado, ou mais feminino, ou mais masculino, ou mais romântico, ou mais sensual. Liberamos as amarras do constrangimento e saímos mostrando ao mundo um lado mais criativo - o positivo da história - ou mais agressivo - o negativo de cada um. Bem, podemos escolher qual máscara usar, isso vai da necessidade ou da empolgação do momento.

Agora, e com relação às máscaras do dia-a-dia? Já parou para refletir sobre quantas delas a gente adota para lidar com as situações do cotidiano? A de boazinha para os chefes. A de antenada para entrar nos círculos sociais. A de animada para aquela turma do "oba oba, vamos beber que está tudo bem". A do entendedor de cinema, para os cinéfilos. E por aí, vai... Claro que tem gente que adota o tipo "eu sou eu mesmo e só faço o que quero ", acho isso muito saudável, desde que essa pessoa seja generosa e mostre ao mundo porque consegue ser diferente, com gentileza e sensibilidade. Não estou defendendo e nem condenando as máscaras. Elas são necessárias para a nossa evolução enquanto socidade. O importante é saber quando deixá-las de lado, quando assumir a nossa própria essência, ao invés de ficar fazendo tipo para agradar o outro. Acho que tem que diminuir o seu uso e retirar a máscara quando todos querem que você fique e você quer ir embora. Ou simplesmente dizer "não, muito obrigada", quando o seu grupo social te oferece um mundo de falsa felicidade.


Então, nesse carnaval, eu vou brincar de sonhar com um mundo melhor... Vou me fantasiar de alegria, de sinceridade, de beleza e de sabedoria. Vou beber com moderação e fazer amigos que me respeitem e gostem da minha companhia do jeito que sou. Quem quiser seguir o meu bloco, será um prazer!!!

Nesse post, eu coloquei fotos de pessoas queridas, e a minha própria, para ilustrar a alegria e a felicidade gerada por uma festa de carnaval com máscaras, fantasias, mas sem excessos.

Divirtam-se e juízo! Beijos.